Uma maratona literária semeou poesia pelos quilômetros que teimam em separar Campina Grande e João Pessoa. Unidas pelas letras, na última semana, seus faróis interagiam e cintilavam generosos lúmens nas almas de escritores, enternecendo os corações de aficionados pela literatura paraibana. Testemunhei e pude palmilhar cada passo e cada curva desse percurso que partiu de Campina para a capital, voltando para a linha de chegada na Serra da Borborema sob as bênçãos das missas de domingo de Ramos.
Tudo teve início no ‘Quartas literárias’, evento organizado pelo amigo Erik Brito – nas dependências da Casa Paisá – para aproximar autor e leitor, em um bate papo intimista e extremamente aconchegante. A Casa é o mais novo reduto cultural das artes e das letras da Rainha da Borborema. Para a noite (10/04/19) o convidado foi o também amigo Prof. Josemir Camilo de Melo. Atualmente Presidente da Academia de Letras de Campina Grande, Camilo foi professor da UFPB (depois CG) e da UEPB e tem uma destacada atuação na cidade no que se refere ao mundo das letras e dos estudos históricos; pesquisou a ferrovia, o patrimônio histórico e a cidade sob vários aspectos. Orientou diversas pesquisas e adotou Campina há exatos 40 anos, lugar de onde afirma não mais sair, só a passeio! À meia luz e longe de qualquer formalidade, Camilo discutiu com os presentes o tema ‘Literatura, romances e memória’ e falou um pouco de um livro de memórias que vem escrevendo ao longo dos anos, bem como algumas passagens de sua vida.
No outro dia, deixamos o friozinho do alto da Serra e fomos apreciar o pôr do sol no Centro Histórico da capital, ambiente que exala a história primeva genuinamente por todos os seus recantos. Após o cair da tarde, subimos para o auditório Celso Furtado da Academia Paraibana de Letras onde houve mais um ‘Pôr do Sol Literário’; organizado por Juca Pontes e Helder Moura o evento chega com sucesso a sessenta edições. O grande momento, já a noitinha, foi a homenagem feita ao poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho pelo cronista Gonzaga Rodrigues. Foi uma beleza ver Gonzaga discursando e em seguida Hildeberto respondendo, ambos de improviso e também de uma vivacidade própria de dois monstros sagrados de nossas letras, acadêmicos que são. Foi a reverência da Praça Yaya Tavares (Alagoa Nova) à Comarca das Pedras (Aroeiras) num diálogo de gestos firmes, sorrisos cândidos e afagos poéticos.
No domingo, foi a vez do ‘Clube dos Leitores de Campina Grande’ se reunir. O encontro ocorre uma vez por mês sempre nas dependências da Escola e Casa de Radioamadores. O Clube é muito interessante e foi inaugurado ano passado quando Edmar Gurjão teve a ideia de fazer um evento que proporcionasse a doação, troca, compra, venda, exposição de livros e objetos colecionáveis. Passadas algumas edições, o projeto teve o apoio do escritor José Edmilson Rodrigues (por quem fui convidado) e outros intelectuais e atualmente conta com um lançamento de livro e debate sobre uma obra literária. O livro da vez foi o Menino de Engenho do paraibano José Lins do Rego, provocando uma instigante discussão e o lançamento ficou por conta de Josemir Camilo com a biografia de Afonso Rodrigues de Souza Campos. A próxima reunião do Clube já tem data, será no dia 19 de maio, contando com o lançamento de ‘As palavras me escrevem’ do Hildeberto Barbosa e a obra escolhida para o debate foi ‘O Quinze’, de Rachel de Queiroz.
Em uma semana tivemos eventos grandiosos e que devem ser cada vez mais valorizados pois estão movimentando nossos escritores, leitores e sobretudo fomentando a nossa cultura.
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