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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Descobrindo os segredos do Ingá

Conjunto principal de gravuras rupestres do sítio arqueológico Pedra do Ingá

Certa vez, há uns dez anos, organizei uma atividade extraclasse com uma turma de 40 alunos do cursinho Pré-Vest da UEPB (onde ministrava História da Parahyba) na cidade do Ingá, distante 40km de Campina Grande. Na oportunidade, contei com a participação do arqueólogo Professor da UEPB Juvandi de Souza Santos, do Prof. de Geografia Welton Souto e do condutor de ecotrilhas da cidade Dennis Mota. A aula tinha pretensões históricas e também geográficas, já que é um espetáculo observar a descida do planalto da Borborema, como a vegetação e o ambiente muda consideravelmente centenas de metros abaixo.


No Ingá desembarcamos na Praça Antenor Navarro, onde os alunos puderam conhecer a igreja matriz Nossa Senhora da Conceição, o largo da Matriz e ali expliquei como se deu o desenvolvimento urbanístico de boa parte das cidades daquela região interiorana, abordando ao mesmo tempo vários aspectos da história da cidade. Em seguida, a turma pode conhecer o patrimônio histórico do Ingá.


A turma apreciando a arquitetura da Rua Pres. João Pessoa

Ao caminhar pela Av. Pres. João Pessoa, os alunos puderam observar o apelo estético dos casarões e palacetes em estilo neo-clássico e eclético. Ali, também dei apontamentos sobre todo o contexto da afamada Revolta de Quebra-Quilos, onde em 21 de Novembro de 1874 revoltosos invadiram a cidade, armados de paus e pedras (como afirmou Horácio de Almeida em sua História da Paraíba, 1978) aos gritos de ‘morra’ para os maçons e ‘viva’ para os católicos, libertando presos, queimando papéis e documentos da câmara, do cartório e de órgãos públicos como protesto aos vários decretos imperiais que eram mal vistos pela população além de quebrar pesos e medidas em casas comerciais. Levei os estudantes para conhecerem a antiga entrada da cidade, por onde principiou àquela ‘invasão’.


Nestas imediações, a turma conheceu a centenária Capela Nossa Senhora do Rosário, que em contexto com o cruzeiro da cidade, refletem o cristianismo interiorano do século XIX. Encantados com o que viam, os alunos estavam atentos e questionativos, contextualizando o que fora visto em sala de aula com o que percebiam in loco.


Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Rua Pres. João Pessoa

Já eram quase 10h da manhã, quando nos dirigimos para o complexo arqueológico da Pedra do Ingá, onde o arqueólogo Prof. Juvandi Santos nos esperava para apresentar o Museu de História Natural da cidade, abordando a restauração do acervo, feita pelo Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB e ministrando aula sobre paleo-ambiente, a mega-fauna pleistocênica e a cultura material arqueológica da Paraíba. Já na Pedra do Ingá, Dennis Mota e Eu nos revezávamos no mister de explicar os aspectos históricos e arqueológicos daquele magnífico sítio pré-histórico. Mesmo com o cálido clima do Piemonte paraibano, todos permaneceram ali, atentos a tudo, deleitando-se depois da bela paisagística existente no Vale do Bacamarte, refrescando-se à sombra do arvoredo.


Aluna Patrícia Lira e o Prof. Juvandi afixando a proteção em vidro

Na visitação ao Museu, é de praxe a recomendação de uma pequena taxa para manutenção do acervo e instalações, assim fizemos e em contribuição a preservação deste equipamento didático, adquirimos um cubo protetor de vidro para proteger um dos expositores, ação que foi posta em prática pelo Prof. Juvandi e pela aluna Patrícia Lira, que solenemente fizeram a doação, uma ação de cidadania e o pontapé para novas contribuições da sociedade a salvaguarda daquele acervo. Anos depois, todo o acervo está sob campânula de vidro e muito bem cuidado.


A referida aula ocorreu em pelo menos mais dez outras oportunidades e foi muito interessante perceber o envolvimento e interesse dos alunos com a aula de campo, é neste momento que compreendemos o quanto uma atividade extra-classe é enriquecedora e capaz de abrir os caminhos do conhecimento para turmas de jovens ansiosas pelo saber. Neste sentido, nossa ação contemplou os objetivos do Pré-Vest cumprindo com seu propósito de promover a cidadania e a inclusão social em Campina Grande.



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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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