top of page

TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

Início: Bem-vindo
Início: Blog2
  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Fui ali a Cubati-PB


Cubati-PB - ferias.tur.br

Numa tarde de sábado em janeiro de 17, parti de Campina rumo ao Seridó paraibano, precisamente para a pequena e aconchegante cidade de Cubati, conhecida pelo evento de supercross; ali me esperava um grande compromisso: seria na manhã do domingo oficializado como padrinho da menina Clarice Maria, filha dos meus amigos Thuca Kércia e Bruno Gaudêncio, historiadores que há muito conheço e recolho sincera amizade.


Saindo de Campina na companhia de Bruno, sua mãe e sua irmã Aluska subimos cerca de 150m até chegar ao fim do distrito de São José da Mata e os seus 704m de altitude. A partir dali se descortinam “as quebradas do sertão”, descemos sinuosamente aquele relevo sendo espiados ao lado direito pela serras do Maracajá e do Engenho, emoldurando aquele cenário onde o sol já dava sinais de cansaço. Os blocos rochosos pareciam itens de decoração, majestosamente dispostos, curiosamente equilibrados.


Praça Central e a Igreja de São Severino Bispo ao fundo - PBTur

Passamos pela lendária Praça do Meio do Mundo com destino a Soledade, até ali a vegetação se beneficiava das poucas chuvas, juremas pretas e brancas, unhas de gato, marmeleiros e outras espécies se mantinham verdes, cor que não duraria muito tempo. Aos poucos, os tons iam mudando até que, nas proximidades da antiga Ibiapinópolis o verde se desfez. Em Soledade e sua movimentação urbana denunciava o cair da tarde de sábado, muita gente na rua, crianças a brincar, homens e mulheres nas praças, um colorido intenso. No fim da cidade tomamos a PB 177. Dali em diante o caminho estava mais apreciável, até porque não havia a movimentação incessante de carros que tem na BR 230. Ali pude ir mais devagar e curtir aquelas paragens sem ser demasiadamente exigido pelo trânsito.


Praça central da cidade

Com forte nebulosidade, a temperatura estava amena, desci os vidros do carro, senti aquele cheiro acatingado. A brisa que ali passava nos envolvia trazendo os cheiros do mato ressequido e levantava a fina poeira branca que tomava o leito seco daqueles riachos. Vimos um redemoinho cruzando a estrada, seria a Comadre Florzinha? A estrada possui muitas curvas e as cruzes no acostamento testemunham de que muitos ali sucumbiram, por imprudência da velocidade ou por distração em encanto àquele torrão. Aqueles carrascais pelos quais passávamos, aquela terra arenosa, calangos e pequenos pássaros coloridos, tudo era belo e o cenário se tornava admirável para se trilhar e reverenciar.


Pais e padrinhos com Clarice

Passamos pela estrada de Seridó e em seguida rumamos à direita pela PB 167 até surgir na paisagem uma antena e o telhado de zinco de um ginásio esportivo, era ali nosso destino. Adentramos a cidade e já percebemos o calçamento cuja curiosidade eram as pedras irregulares e lisas, já sabíamos que pisávamos em solo histórico. Cubati já foi chamada de Canoas quando ganhou status de distrito em 1915 voltando ao antigo nome em 1943. Passamos pelas ruas principais e observamos muitos populares nas calçadas, sentados em cadeiras de balanço ou mesmo no chão, curtindo aquele cair da tarde. Aqueles 25ºC de nada incomodava.


Na rua principal, cujo destaque é a Igreja de São Severino Bispo, caminhamos observando a arquitetura e fomos ao Casarão bar, com sua decoração semelhante a botequins antigos, com azulejaria na parede, etc. Preferimos a calçada e ali observamos o cotidiano. Nesse momento chega um tipo popular, o Piriroca. De olhar fixo em um ângulo perdido, busca relógio, pulseira ou algo de metal: “–Não quero roubar não, quero limpar!” e assim segue seu périplo, após a insistência e a seguida limpeza, ele estira a mão em busca de uma “prata”, recompensa pelo serviço executado. Piriroca deve ter perto de seus 40 anos e perambula pela cidade atrás de ‘pratas’ e novidades entrando sem timidez em qualquer porta aberta.


Piriroca

Na missa de domingo, Piriroca* – sem qualquer cerimônia – caminha pela igreja, se posiciona ao lado do padre fitando-o e procura um desconhecido dentre os fiéis para seguir sua peregrinação, eis que ele me encontra, com terno preto e óculos escuros. Como minha posição no banco era central, ela não tinha acesso a mim, mas ficou de longe, esperando uma oportunidade. Um ou outro desavisado acaba não tendo a paciência necessária e é rude com aquela figura folclórica. Por Deus, a maioria das pessoas o tratam com parcimônia, inclusive o Pe. Fernando, que em determinados momentos parecia não conter o sorriso diante de algumas cenas provocadas por este cidadão histórico.


No fim, batizei Clarice, portei a vela santa e participei de todo o processo, desde a reunião do dia anterior. Entre águas, orações e óleos, senti reacender traços ritualísticos e uma sensibilidade cristã esquecida há muito. Experiência ímpar e um compromisso para a vida inteira. Para ser ainda mais marcante, estávamos diante dos 3 primeiros batismos da nova Paróquia de São Severino Bispo e São Vicente Ferrer. Quanto a Clarice? Aquilo é um amor! Depois de dormir a missa toda, acordou para o batismo e no alto de seu décimo terceiro mês de nascida, se comportou direitinho e ainda esbanjou sorrisos para o Padre e padrinhos.


Leia, curta e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' no Jornal A União de 10 de abril de 2021.


*estamos para conseguir um retrato melhor de Piriroca, ainda esta semana postaremos aqui.

491 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
PR Eletro.JPG
Fabio Santana Corretor.JPG
King Flex.JPG
Anne Closet.JPG
pizza.JPG
Início: Galeria de foto
Início: Blog Feed
DSC_4252.JPG

ENTRE EM CONTATO

  • twitter
  • instagram
  • facebook

Obrigado pelo envio!

Início: Contact
DSCF2988.JPG

DANDO INÍCIO

O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

Vamos conectar
Início: Sobre
bottom of page