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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

A quem interessa condenar o Capitólio?

Capitólio em pleno funcionamento em 1995 (RHCG)

Maio de 2018 e ressurge na cidade a novela em que a personagem principal é o nosso Cine Theatro Capitólio. Neste capítulo, após avaliação da defesa civil, o prédio é isolado por tapumes de alumínio. A partir deste momento, parte da imprensa retoma uma antiga especulação para que o Capitólio possa ser demolido, tendo em vista a situação de “risco” a que o prédio é vitimado.


O Cine Theatro Capitólio foi inaugurado em 20 de novembro de 1934 com o status de melhor e mais moderno cinema da Paraíba, possuía capacidade para quase mil espectadores e passou por uma reforma em 1964, quando contou com moderna aparelhagem e poltronas estofadas (informações que devo ao amigo Wills Leal). Aliás, três destas poltronas que restaram estão no terraço da residência do Sr. Lívio Wanderley (a residência em Art-Dèco por trás do Capitólio), proprietários dos “cines” da Cidade por longos anos, através da Cia Exibidora de Filmes.


Painel do artista plástico Pedro Correa, lateral do Capitólio na déc. 1980 (Welton Fontes)

Até a inauguração do Teatro Municipal Severino Cabral, em 1962, o Capitólio reinava não só com a exibição de filmes; em suas dependências, diversas atrações artísticas de destaque nacional se apresentaram, sem mencionar as festas sociais e os discursos políticos e eventos que trouxeram para seu palco Assis Chateaubriand, Carlos Lacerda, dentre outros. “Foi ali, em 1968, que conheci minha futura esposa, agente estava na fila para comprar o bilhete para ver Diamante Cor de Rosa, do Rei Roberto Carlos...” afirmou Milton Santos, um de seus inúmeros frequentadores.


Pois bem, nos últimos anos, sua estrutura foi abandonada, seu telhado foi retirado (em 2004), seu piso de lajotas também, restando no momento as espessas paredes. Fatos que levaram a mais um capítulo desta novela, desta vez no início de 2011, quando o extinto Diário da Borborema publicou a matéria “O Capitólio corre risco de desabar”, aproveitando a pauta, emissoras de TV da cidade gravaram reportagens e o vereador Antônio Pimentel Filho, aos discutir sobre o Patrimônio Histórico de Campina Grande, presidindo a mesa da Câmara em 16 de março do mesmo ano, afirmou: “Esse caixote não serve pra nada!”.


Na última campanha eleitoral, TODOS(AS) que pleitearam o cargo máximo do executivo de Campina Grande esboçaram a intenção de criar um espaço cultural nas dependências deste nosso sofrido patrimônio histórico, que iriam preservar este cine que já foi um dos maiores de toda a região nordeste. Só não disseram que pretendiam demolir...


Cine Capitólio em seu aspecto original, 1934 (RHCG)

O Cine está em uma área circunscrita como Centro Histórico de Campina Grande, delimitada através do Decreto 25.139 de 28 de junho de 2004 pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba) e, portanto, tudo o que compõe o Centro Histórico não pode ser modificado, demolido, substituído. Essa é uma garantia de que a memória de Campina Grande, através de seus contornos arquitetônicos, possa ser preservada.


Infelizmente, sua integridade tem sido mutilada, entregue aos auspícios do tempo. Exatamente igual ao que ocorre com alguns prédios deste mesmo Centro Histórico, que são abandonados por seus donos e em seguida são demolidos sob a alegação de que está em ruína, uma ruína proposital.

Portanto, a quem interessa condenar o Capitólio? A quem interessa?



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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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