ESSE É O NOME da disciplina que acabei de ministrar na Especialização em História Local da Universidade Estadual da Paraíba (Campus I, Campina Grande-PB) reunindo alunos e alunas de vários municípios do compartimento da Borborema como Aroeiras, São João do Cariri, Areia, Boqueirão, Seridó, Queimadas além de Campina Grande e seu objetivo foi não só saber das condições de conservação existentes nos arquivos como conhecer alguns acervos no estado. Para isso, preparamos uma série de visitas técnicas, condição fundamental para que cada estudante pudesse elaborar sua estratégia de pesquisa, sabendo das possibilidades e o que cada acervo pode fornecer como fonte histórica.
A primeira visita foi ao Arquivo Público Municipal de Campina Grande, localizado no centro da cidade, composto de processos administrativos, plantas de construções, decretos, portarias, Semanários Oficiais e demais documentos que compõe a história administrativa municipal de várias épocas. O acervo documental é de interesse dos servidores, dos contribuintes e de pesquisadores, principalmente historiadores e arquitetos que eventualmente visitam o arquivo em busca de elementos para sua investigação científica. Com pequenos ou grandes acervos, todo município deve ter o seu arquivo. Também indicamos a cada um da turma conhecer um acervo em sua cidade, seja público (judiciário, legislativo) ou mesmo de algum intelectual que bem sabemos estão espalhados por muitas das pequenas cidades.
Visita técnica ao Arquivo Público Municipal de Campina Grande - TB
O Museu de História Natural da UEPB teve seu grande acervo visitado pela turma em uma visita que proporcionou uma viagem por milhares de anos em uma coleção que é uma das maiores de todo o Nordeste no que se refere ao patrimônio paleontológico e, principalmente, o arqueológico oriundo das muitas escavações em sítios arqueológicos da Parahyba. Estas tem revelado um passado ameríndio muito pouco conhecido e as pesquisas dirigidas pelo arqueólogo Prof. Dr. Juvandi de Souza Santos vem reescrevendo nossa história, inclusive no que se refere aos nativos e o território que estamos em épocas pré-coloniais. O MHN ocupa o prédio histórico do antigo Museu de Artes no largo do Parque Evaldo Cruz, centro da Rainha da Borborema.
Visita técnica ao Museu de História Natural da UEPB - TB
Em nossa capital João Pessoa, inspirados pelo balanço das ondas do mar do Cabo Branco, os alunos puderam conhecer a antiga residência do escritor e político José Américo de Almeida transformada em fundação, contando com o museu que preserva toda a originalidade da casa em seus detalhes, mobília e utensílios; mausoléu; auditório; biblioteca e arquivo. Os últimos ocupando prédios anexos. Costumo dizer sempre que o melhor exemplo de trato, cuidado, gestão e organização de arquivo é o da Fundação Casa de José Américo - FCJA, recolhendo o acervo de ex-governadores, documentos de várias naturezas e uma extensa hemeroteca.
Visita técnica a Fundação Casa de José Américo, orla de Cabo Branco, João Pessoa - TB
Por último, mergulhamos no coração do centro histórico da 3ª cidade mais antiga do país, criada sob as bênçãos de N. Sra. das Neves em 5 de agosto de 1585. Nos arredores da praça Rio Branco, defronte a antiquíssima Igreja da Misericórdia, pudemos almoçar rodeados pelos ecos do passado que bailavam com o vento que espanava a poeira do tempo de velhas fachadas que muito já nos disseram e ainda escondem histórias que são reveladas para os que lhes dão a devida importância e atenção. Em passos vagos, nos dirigimos para o último compromisso e talvez um dos mais importantes, a visita ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, a Casa de Memória mais antiga do estado fundada em 1905 por intelectuais que se dedicaram a uma história e memória paraibana escrevendo, promovendo seminários e salvaguardando documentos que pereciam em velhas gavetas e estantes, fontes importantes que algumas delas não mais existem e voaram nas asas do tempo até nós através de livros e da Revista do IHGP que atravessa o século recolhendo textos sobre todos os recantos de nosso estado.
Visita técnica ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano - TB
Toda essa atividade não seria possível sem a colaboração do Prof. Juvandi e Júnior (coordenador e secretário do curso) e fica o registro de como fomos tão bem recebidos em todos os espaços. Agradecimentos a direção do arquivo da Pref. de Campina Grande (Saulo Silva e Flávia Machado) e o servidor Mériton; Cailhane Cristine e Poeta MannoAzull no MHN; na FCJA à Profa. Lúcia Guerra, Cristiane, Elisângela, Cristian e Isabel no museu, Sarah Beatriz, José Adrian e um especial agradecimento a arquivista Daniela Diniz no arquivo. No IHGP a pomposa e atenciosa recepção do confrade Presidente Jean Patrício e do secretário Adonai Lacerda (o escritor Dr. Brilhante esteve conosco) além do motorista Inaldo, todos responsáveis pelo sucesso dos trabalhos.
Atividades como essa são muito importantes para a construção do métier do historiador de cada um, abrindo o leque de possibilidades de pesquisa e, sobretudo, de conhecimento. Espero ter contribuído.
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Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A UNIÃO em 29 de junho de 2024.
Parabéns pela iniciativa de abrir os museus e arquivos para estudantes ávidos pelo conhecimento.
Afinal, este é o principal objetivo de um arquivo, ser visitado, e não, ser arquivado.
Além disso, está semeando novos historiadores que iram dar continuidade ao seu trabalho de avivar a memória de nossa história.
Parabéns professor Thomas!
Com certeza contribuiu muito. Nada menos que Parabéns pela iniciativa.