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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Lugar de bons encontros


Thélio em seu ambiente de trabalho e criação

ACABO ME DESPEDINDO do ambiente de trabalho. Compartilhando o mesmo corredor da Guarda Municipal, ouço uma saudação só: “Sextou!” Esse termo se esparrama nos programas de rádio e tevê, e também naquele corredor onde estou, ali todos se saúdam: “sextou”, como se estivéssemos chegado a uma nova estação. Particularmente não gosto do termo, apesar de adorar a sexta-feira, mas é um desses modismos difíceis de escapar.


Pensei em partir para a minha residência, meu gostoso e aconchegante lar, mas ventos me sopraram até o centro da cidade. Deu vontade de espiar as artérias centrais, mesmo que rapidamente. Daí uma ligação bem despretensiosa e, me parecia, com toda uma intencionalidade, me chamava para um lugar comum, um encontro. Isso não foi nada mais que uma sinergia que pulsou em meu peito e nos uniu em pensamento, fazendo crescer o ímpeto das ideias, despertando vontades e a chance de encontrar amigos queridos.


– Vá lá para o escritório de Thélio que já-já chego, temos algumas coisas a tratar. Me disse o amigo e poeta Z’Édmilson. Assim, do centro da cidade, desci em direção ao Açude Velho. Ao longe vi o balançar de suas águas em sintonia com a folhagem de palmeiras imperiais e tomei à direita na última via antes do espelho d’água, justamente a Rua Desembargador Trindade, me dirigi ao tradicionalíssimo escritório de advocacia Leidson Farias. Sempre muito bem recebido, vou ao primeiro andar onde está um verdadeiro centro cultural dessa cidade. Com a sobriedade e charme das estantes em mogno cor de café, que se espalham do acesso até o salão principal, vemos uma farta biblioteca, um misto de coleção, material de trabalho e obras raras. Não devo deixar de mencionar a vasta coleção de Dom Quixote (e seu personagem em estátuas nos mais diversos formatos, ornando estantes, mesa, paredes e chão); também enche os olhos a obra do paraibano Ariano Suassuna (que também dispõe em algumas línguas), pinturas e livros de Pedro Américo, que Thélio biografou em celebrada obra lançada recentemente, o ‘Além do Ipiranga’ (A União, Cepe, 2022); há também uma bela coleção de autores paraibanos e tantos outros livros e adereços históricos, transformando-o em local único. Para os aficionados e bibliófilos, um verdadeiro mundo encantado. Esse é o ambiente de trabalho e criação do amigo Thélio Farias (filho do serra-branquense Leidson), competente advogado e escritor desta terra e que hoje preside a nossa Academia de Letras de Campina Grande.


Um pouco dos espaços desse ambiente da cultura e das artes, o escritório de Leidson Farias, desde 1963.


O seu escritório é, também, repleto de confortáveis assentos, justamente onde, com toda sua fidalguia e atenção, recebe os amigos, tratando cada visita como um encontro especial, muitas vezes histórico. E lá estou eu com minha agenda em mãos e quem avisto é o próprio Leidson Farias, com a longevidade de mais de oito décadas e uma perspicácia admirável. Já me pergunta por Serra Branca-PB e pelo amigo Prof. Zezito. Ele conversara com o Sr. Djalma do Ó (irmão do grande benfeitor de Campina Edvaldo do Ó) e Thélio, com seu largo e terno sorriso, veio me abraçar. Junto a ele, o historiador e amigo Katiano, apelidado de ‘Cabo 70’ (icônico personagem de Ariano Suassuna), batizado por nada menos que Manuel Dantas Suassuna quando esteve em visita a Thélio. O ‘Cabo’, estava com uma pasta de fotografias antigas da cidade. Com a saída do Sr. Djalma, Leidson pede que eu espere ele buscar algo e me chega com uma cópia encadernada de um inventário dos bens do Pe. José de Sousa Magalhães, que “mandou” em São João do Cariri no séc. dezenove, documento de 1886, uma verdadeira relíquia. – Tire xerox! E resolvemos ir fazer a cópia naquele momento, ali pertinho. Na breve caminhada até a Pça. Cel. Antônio Pessoa, lado a lado, palmilhamos aquele caminho, conversando, relembrando histórias, vendo a cidade e vivendo. Quanto privilégio o meu. Cabo 70 foi conosco e já reparou o mosaico antigo da loja copiadora.


Amenidades com Thélio e o poeta Z'Édmilson

Na volta ao escritório, encontrei o advogado Rosan Rangel e tivemos uma honesta conversa sobre nosso patrimônio histórico; é quando o poetinha Z’Édmilson chega e o clima agradável que estava se enche ainda mais de brilho.


Thélio, eu, Z'Édmilson e Ronaldo do Sebo, e muitas histórias...

'Cabo 70' mostrando fotografias ao poeta Z'Édmilson

Estar nesse ambiente da cultura e das artes é sempre aprazível e nele poder ser tão bem recebido por uma plêiade de intelectuais é uma experiência prazerosa, lugar de vultosa energia e de um anfitrião que sempre nos ensina com seu jeito simples e amizade sincera. Fui para casa alegre e leve. Isso é que é “sextar”, pensei! Vida longa a esses encontros, vida longa!


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A União em 18 de março de 2023.

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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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