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TURISMO & HISTÓRIA

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Centro histórico e o tombamento

Foto do escritor: Thomas Bruno OliveiraThomas Bruno Oliveira
Rua Maciel Pinheiro - TB
Rua Maciel Pinheiro - TB

O CENTRO HISTÓRICO de Campina Grande-PB é uma área deliberada em 2003 e delimitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba –IPHAEP em 28 de junho de 2004, compreendendo um cinturão englobando ruas e praças centrais da cidade. Para conhecer seus contornos, basta caminharmos pela cidade percorrendo o seguinte itinerário: iniciando na esquina da rua Vila Nova da Rainha, antigo Sítio das Barrocas, onde segundo Epaminondas Câmara foram edificadas as primeiras construções da então Vila, nas costas da igreja Matriz. Seguimos por esta rua entrando à direita na rua João Lourenço Porto, depois à esquerda na rua Dr. João Tavares, em seguida à direita indo ao encontro da Praça Cel. Antônio Pessoa, contornando-a e seguindo direto até o encontro com a rua Rui Barbosa, subindo a direita, cruzando a Av. Floriano Peixoto e passando pela Av. Getúlio Vargas, seguindo pela rua Miguel Barreto, percorrendo parte da Rua João Pessoa, contornando a Praça João Rique, caminhando pela Maciel Pinheiro encontrando a Barão do Abiaí, em seguida indo pela rua Peregrino de Carvalho até encontrar a rua Afonso Campos, finalizando a caminhada de onde partimos.


Da área fazem parte todas as ruas e praças que se encontram no perímetro citado acima. Temos aí o epicentro velho da cidade, as mais antigas ruas e becos, com suas edificações. Completados 20 anos da delimitação, muito do patrimônio histórico nela contido tem seus elementos mutilados pela voracidade do crescimento e de um progresso que tem engolido casarões, palacetes, prédios e monumentos. Recentemente, temos percebido uma severidade neste processo e um longo alcance da depredação que está sem limites. O Centro Histórico vem sendo profanado, mexido, mutilado, rasgando páginas do passado da cidade, desfigurando histórias e pondo fim a lugares e dispositivos que elencam a memória e a identidade.


A esquerda Beco do 31, ao centro o prédio da antiga Livraria Pedrosa, foto a partir da Maciel Pinheiro - TB
A esquerda Beco do 31, ao centro o prédio da antiga Livraria Pedrosa, foto a partir da Maciel Pinheiro - TB

Sendo uma cidade de interior, durante épocas de veraneio e carnaval, de certa forma ela adormece, notadamente o centro da cidade e os bairros mais abastados. Seus habitantes se dirigem ao litoral, onde se deleitam aproveitando férias e feriados religiosos. Nos períodos citados observamos que quase sempre em seu término, algum prédio é demolido, ato feito “às escondidas” quando a cidade dorme, assim vão nossas preciosas edificações. Exatamente por isso, caminhar pelo Centro Histórico de Campina tornou-se um exercício de paciência, principalmente no tocante a readaptação da visão. É simplesmente assombroso o processo de falecimento de nosso patrimônio histórico e os órgãos públicos fiscalizadores não têm uma participação efetiva na salvaguarda destes testemunhos do passado, o fato não se deve a ausência de denúncias, pode-se explicar (mas não compreender!) a falta de estrutura e de pessoal disponível nestas instituições, refletindo apenas um abandono estrutural típico nas cidades brasileiras.


Finalmente, qual é a função de um centro histórico? Qual o papel de um tombamento? Qual a responsabilidade de um órgão fiscalizador? Uma edificação histórica que vai ao chão é parte da história de um povo (de uma época) que desaparece sem deixar vestígios. Enfim, há muito que se faz necessário que medidas emergenciais sejam tomadas para estagnar este triste processo de desmantelamento. Manter o que ainda resta do patrimônio histórico/arquitetônico de Campina Grande é uma obrigação.


Não entendemos a preservação do patrimônio como um ato de barrar o desenvolvimento, fosse assim, muitos dos países europeus não teriam volume significativo de sua economia baseada no turismo histórico, deve-se sim desenvolver nestes locais atividades sustentáveis que preserve traços do passado e possa naturalmente abraçar o futuro. Em outras cidades próximas temos exemplos muito bem-sucedidos dessa preservação, como o Museu do Seridó, situado na Casa do Senado da Câmara e Cadeia Pública da Vila do Príncipe, em Caicó-RN; a Casa da Cultura, ambiente de venda de artesanatos em Recífe-PE, abrigado na antiga cadeia da cidade e uma feliz amostra é o prédio sede da Fundação Municipal de Cultura de Sousa-PB, exemplo de restauração, uso e preservação.


Tombar uma área implica, acima de tudo, em pensar o que fazer e como fazer para a preservação e uso do bem material tombado. Deve-se buscar saídas para que esse tombamento não fique apenas no papel e entregue à própria sorte.


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A UNIÃO em 09 de novembro de 2024.

2 comentarios


Marcelo Reul
Marcelo Reul
01 mar

Isso mesmo professor Thomas!


O histórico pode caminhar pacificamente com o progresso, preservando nossa cultura e ao mesmo tempo, dando novas oportunidades de sustentabilidade.

Parafraseando o Rei Roberto Carlos:

  • Eu não sou contra o progresso, mas apelo pro bom senso.

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The Mcx
The Mcx
16 feb

👏👏👏👏👏👏👏

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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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