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TURISMO & HISTÓRIA

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Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Então é Natal


Natal Iluminado 2021 - Codecom/PMCG

O mês de dezembro é o mais esperado para muitas pessoas e nos dizeres do folclorista Câmara Cascudo o Natal é a maior festa popular do Brasil. É a ‘Noite de Festa’. As festividades em homenagem ao nascimento de Jesus Cristo dão um tom todo especial e marcam o fim de ano. Em Campina Grande o Natal é festejado desde tempos imemoriais. A influência católica na colonização traz consigo o calendário religioso e este é seguido com afinco. Assim, de tradição familiar, a missa do galo e a ceia são bem representativos. Sob as bênçãos de Nossa Senhora da Conceição, Campina tem seus festejos iniciados na comemoração de sua padroeira exatamente no início de dezembro, transformando todo o mês em um período especial.


Nas décadas de 1920 e 1930, os festejos à padroeira se estendiam da Matriz até parte da Rua Maciel Pinheiro. O escritor Antônio Pereira de Moraes (1985) nos dá conta de uma curiosidade da festa, a chamada ‘Lagoa de Roça’, tratava-se de uma ocupação nas laterais da Matriz por barracas de palha onde eram servidos comidas e bebidas. Quem frequentava o lugar eram os boêmios e gente de menor nível econômico. “Quando se via gente mais importante na Lagoa de Roça, era para encontro de algum amor clandestino”, numa notória distinção social; a elite da época frequentava os pavilhões que eram dispostos no centro da rua “feitos a capricho, forrado de tábuas, cercado de gradis e bem cobertos; com serviço de bufê e dezenas de mesas, para servir bebidas e tira-gostos” além das bandas de música (São Sebastião e Epitácio Pessoa, a ‘Sá Zefinha’). Geralmente eram três os pavilhões grandes: Pavilhão Deus e Caridade, Pedro I e dos Artistas “assistidos por garçonetes, senhoritas da sociedade, que prestavam serviço como voluntárias” cujo resultado das vendas era destinado a obras sociais. Nesse tempo, tínhamos também o passeio depois da Missa. A Maciel Pinheiro era a rua do comércio e lembrando que por essa época, a atual Floriano Peixoto ia até a esquina com a Maciel Pinheiro formando um ‘L’ contornando a casa do Monsenhor Sales. Ainda hoje a festa da padroeira é muito concorrida, pavilhões são erigidos no largo da Matriz e os músicos mais famosos da cidade sempre fazem shows.


Lapinha de Dona Rilene Silva

Algo singelo e também representativo que existe até os nossos dias é a novena realizada nas residências no dia oito, reunindo familiares e a vizinhança, evento sempre finalizado com o esperado lanche (se comentava onde era o melhor lanche da vizinhança!), estava ali decretado o início dos festejos natalinos. Outra tradição são os presépios, desde a infância que vejo meu tio Rildo de Oliveira fazer as lapinhas bem enfeitadas. Minha mãe, Dona Diana, hoje mantém com esmero essa tradição familiar. Ao montar as árvores e presépios, sempre ao som da famosa música ‘Então é Natal’, na voz da cantora Simone. Há presépios que são verdadeiros monumentos. Uma atração na minha vizinhança em Bodocongó é o presépio de Dona Rilene Soares, sempre muito enfeitado e iluminado.


Nas décadas de 1960 e 1970, Campina Grande se veste de Capital do Trabalho e sua festa natalina passa a ser mais comercial. O desenvolvimento industrial trouxe consigo a ornamentação das fábricas e o Distrito Industrial da cidade era uma atração para passeio da população. Nos anos que se seguiram, a ornamentação do comércio e das indústrias continuaram com seu espaço até que os governos municipais (da década de 1970 até a atualidade) resolvem promover suas ornamentações nas entradas da cidade, praças e monumentos representativos inclusive em alguns anos premiando a rua e loja melhor enfeitada (com iniciativa da Associação Comercial). Na última década destacamos o ‘Natal dos Sonhos’ e o atual ‘Natal Iluminado’ que na versão 2021 conta com um túnel iluminado de 186 metros, uma Árvore de Natal com 24 metros de altura, iluminação em led no entorno do Açude Velho e mais de 250 mil micro lâmpadas espalhadas pela cidade em polos com apresentações culturais.


Corais, Cantatas de Natal e encenações também fazem parte do cenário natalino. Entre 1999 e 2009 tivemos o ‘Presépio Vivo do Natal’ organizado pelo cenógrafo e poeta João Dantas com mais de uma centena de encenações contando com atores e atrizes de renome nacional. A grande baluarte das artes de nossa cidade, a imensa Eneida Agra tem um projeto que desenvolve na Feira de Campina Grande e arredores, o ‘Tamanquinho das Artes’ e que sempre no Natal desenvolve espetáculos.


Então é Natal, noite de festa, momento de reunião familiar, de comemoração e congraçamento, momento de celebrar Jesus Cristo e seu ensinamento. Dezembro de festa, em Campina Grande a padroeira fez a festa ser maior. Campina e sua mania de ser sempre grande.


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' no Jornal A União de 25 de dezembro de 2021.

159 visualizações1 comentário

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1 commentaire


Marcelo Reul
Marcelo Reul
29 déc. 2021

Como é bom ler suas crônicas, e reviver os bons momentos vividos no passado!

Isso me faz viajar num passado muito simples e feliz!

Lembro nos anos 70, a iluminação do distrito industrial, onde pegavamos a " Marinete" (ônibus) da empresa Neves ou Cavalcanti, para fazer o circular até o aeroporto, e ficar olhando as lâmpadas coloridas, e até um jogo de luz defronte ao DNOCS, onde um trator de lâmpadas, dava a impressão de estar empurrando terra de um canto para o outro.


Claro que o Natal de hoje é bem mais iluminado, e mais moderno, mas não possui aquele calor humano e a simplicidade que nos deixava felizes nesta época


ENTÃO É NATAL, O QUE VOCÊ FEZ?

O…


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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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