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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Cecília

Panelas de alumínio areadas, dependuradas em parede de barro

EM MINHA MEMÓRIA AFETIVA há algumas Cecílias. Desde uma amiguinha muito bacana dos tempos de escola a uma galinha marrom (vermelha!) que ganhamos e por semanas nos dadivou com seus ovos diários até virar cozido: mas Vó, como pode? E Cecília – nome dado por minha irmã – saiu da vida e entrou para história. No entanto, a Cecília de hoje veio de um prazeroso encontro na Livraria do Luiz, na Galeria Augusto dos Anjos, Praça 1987 na Capital da Parahyba.


Há alguns anos, fui a confraria literária desta livraria e como sempre o faço, antes dou uma volta na Praça André Vidal de Negreiros, o velho e conhecido Ponto de Cem Réis, para comprar os jornais do dia. Ao chegar no saudoso Seu Régis, encontro o amigo historiador José Octávio, que relembra algumas histórias e me aconselha a reunir em livro estas colunas sabatinas: “– Você está indo muito bem. Tenho lido e guardado muita coisa, estou gostando muito”. Não que eu seja vaidoso, mas receber elogio de um dos maiores escribas da Parahyba é demais para este escrevinhador. Ao seu lado fui até a Galeria Augusto dos Anjos onde a Livraria do Luiz repousa em sombra fresca; por volta das 9h30 já não havia assentos livres. Na “távola redonda”, defronte ao Espaço Arte, Guy Joseph era soberano e recebia os cumprimentos pelo lançamento de sua belíssima exposição ‘Retrospectiva Fotográfica’ que acontecia naquele momento em dobradinha com um livro sobre Ivan Bichara organizado pelo grande cronista Gonzaga Rodrigues.


Galinha vermelha poedeira bem parecida com Cecília - Certified Humane Brasil

Você leitor que nunca foi à Livraria, nela há um Espaço Arte para exposições e também um café muito concorrido. Você que é frequentador sabe muito bem do que estou narrando, inclusive o que é a távola redonda... Dia de lançamentos, dia de encontros. Sempre presente, José Nunes me conta de sua pesquisa sobre Balduíno Lélis para um livro; Guy me convida para um projeto muito bacana; Luiz Augusto Paiva, com sua habitual alegria, deixa o ambiente ainda mais agradável; Hildeberto, Milton Marques e di Aurélio não imaginam a falta que fizeram. Passados os lançamentos, ocupei a távola ao lado de Guy e rapidamente chegaram o poeta Políbio Alves, o escritor e teatrólogo Tarcísio Pereira, Luiz Augusto Paiva, a artista plástica Cinara Figueiredo, e o escritor e poeta Gilmar Leite Ferreira que tive o imenso prazer em conhecer na oportunidade. Ele tem uma profunda sensibilidade para nosso Mundo-Sertão além de amigos em comum no Cariri e Pajeú; me apresentou ‘O Sertão Educa’, livro que lançará até o fim do ano; me encantei com sua visão holística e profunda, já ansioso para ler o livro. E quando abro minha caderneta para notar algo sobre Gilmar vejo na página anterior o nome de Tarcísio Pereira e entre parênteses o nome Cecília. E pergunto: porque Cecília Tarcísio? Controverso ele olha e responde “– sei não!” Paiva brinca com coisas do além, momento em que Paulinho Gonzaga chega.


O rabisco que tinha na página anterior foi de quinze dias antes quando conheci a genialidade de Tarcísio no Bar de Lulinha. A convite de Paiva, fomos ao Lulinha depois do café em Luiz e muito conversamos com Tarcísio, que vendo algumas panelas na cozinha do bar lembrou de uma viagem que fez com o próprio Paiva a São José do Belmonte-PE para conhecer a Pedra do Reino e lá estiveram em uma casa de taipa, chão batido e algo chamou a atenção dos visitantes: a rústica parede da cozinha estava repleta de panelas e tampas muito bem lustradas, cintilantes, ariadas (foi quando Gilmar disse: ­– ariado é desorientado, sem rumo; rimos). O sol que adentrava pela janela do poente refletia de forma tal que tomava conta da pequena moradia, momento em que Tarcísio faz uma fotografia da parede e o retrato ficou bem parecido com uma foto do Sebastião Salgado, fotógrafo mineiro que ganhou o mundo.


E eu achei estranho minha memória – que julgo ser fotográfica – me trair. Como não lembrava daquele rabisco? Num estalo, lembrei. Tarcísio e Paiva saíram da humilde casinha, agradeceram a água e se despediram: – Tchau Dona Cecília, até mais ver.


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A União em 02 de dezembro de 2023.

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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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