No alto do Planalto da Borborema, entre insondáveis matas brejeiras, há uma “esmeralda verdejante dos bultrins”, como diria o Luciano Oliveira, terra importante onde a história se fez a partir de grupos indígenas e sua vocação econômica acompanhou os ciclos que se destacaram na região ao longo dos tempos. Rota de tropeiros, comarca, palco da Revolta de Quebra-Quilos, sede de uma das casas de caridade de Padre Ibiapina, tudo isso faz de Alagoa Nova uma destacada cidade. Na malha urbana, contornada pelos sítios “que andam comigo” (como se refere o amigo Gonzaga Rodrigues) a arquitetura conta uma história singular, da matriz à casa de caridade, do mercado à Lagoa que deu nome a cidade, em tudo vemos sua história.
Tive a oportunidade de revisitar Alagoa Nova no último 25 de outubro, a terra de meus ancestrais maternos. O motivo foi prestigiar um momento muito especial, a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoa Nova. Como atualmente ministro a disciplina ‘Fontes para a pesquisa em História Local’ na primeira turma de especialização em História Local da UEPB (esforços do Núcleo de Pesquisa e Extensão em História Local – NUPEHL, coordenado pela Profa. Luíra Freire Monteiro), nada melhor que a aula pudesse ser de campo. Assim, montamos um roteiro para visitação na cidade, passeio que antecedeu o evento de fundação do sodalício.
Com a turma de vinte alunos, deixamos Campina Grande ao cair da tarde, tomando o rumo da BR 104, de onde contemplamos a subida até Lagoa Seca e toda a paisagística serrana, ipês rosas e amarelos rompiam a monotonia verde, encantando nossos olhos. Já em Alagoa Nova, fomos recebidos na florida Praça Sant’Anna pelos amigos professores Jadson e Júnior, ambos historiadores que conhecem muito a história da cidade e nos ciceronearam com uma belíssima aula de história, memória e cultura local. Ainda na praça, no bate papo, como um amante das coisas da cidade, chegou até nós o simpático Luciano Oliveira falando da ‘esmeralda verdejante dos bultrins’. Se apresentou e contou-nos um pouco do que sabia da história do lugar, aspectos pitorescos e outras histórias. Luciano já foi prefeito e é interessado em qualquer coisa que seja para melhorar sua terra, é um dos entusiastas do Instituto Histórico.
Nas ruas principais, visualizamos as influências arquitetônicas, fomos ao Mercado Público e também a Matriz de Nossa Senhora Santana. O sol já se escondia no horizonte quando descemos no oitão da igreja e a brisa fria e úmida denunciava que estávamos chegando nas proximidades do Parque da Lagoa Manoel Pereira, a belíssima lagoa que emprestou seu nome a cidade, ‘alagoa’ circular e bela, repleta de palmeiras imperiais, romântico cartão postal da cidade, assim como o é o Açude Velho para Campina Grande. Em sua borda, está a escola municipal Professora Violeta Costa de Souza, para onde fomos.
Na escola nos recebeu o Prof. Luiz Carlos, figura extremamente gentil, séria e que está à frente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoa Nova. A banda marcial da escola tocou o hino nacional e o hino municipal, em seguida vimos discursos emocionados e de louvação à cidade; tive a oportunidade de falar da importância que é uma casa de memória municipal para a cultura e autoestima da população e o evento, muito bem prestigiado, teve ponto alto com a posse das primeiras dezessete cadeiras, sendo a primeira a do idealizador, o amigo Professor Luiz Carlos. Fiquei feliz em ver o reconhecimento ao esforço e ao trabalho de Luiz e do grupo de apoiadores e estou certo que o IHGAN será uma das casas de memória mais atuantes da Paraíba.
De parabéns Luiz Carlos, Júnior, Jadson, Aroaldo Maia, Luciano, Gonzaga Rodrigues e todos os alagoa-novenses que agora tem uma casa de memória que com certeza dará a dinâmica cultural do município. Vida longa ao IHGAN.
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