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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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IV Borborema Cangaço - Taperoá

  • Foto do escritor: Thomas Bruno Oliveira
    Thomas Bruno Oliveira
  • 22 de mai.
  • 3 min de leitura
Noite de lua em Taperoá. Igreja de São Sebastião e casario histórico - TB.
Noite de lua em Taperoá. Igreja de São Sebastião e casario histórico - TB.

PAREI NA CALÇADA DA BIBLIOTECA Ariano Suassuna minutos antes do evento. Fiz uma viagem sentimental que transmudou uma série de impressões. Afinal, era ali o primeiro evento cultural que participava depois de um processo cirúrgico que me levou à unidade de terapia intensiva. Dali para frente tudo parece ter mudado, a alma transfigurada. Mutilei pensamentos, vontades, quimeras na construção de outras e deixei aquele vento gélido – comum das noites caririzeiras – tocar a pele e me envolver. Na lembrança me veio Balduíno Lélys, Pedro Nunes Filho, Manelito Dantas Vilar além do próprio Ariano e a magia do Mundo-Sertão. Ouvi o bafejar dessas vozes celestiais como a dizer: “bem-vindo de volta”. Me emocionei.


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Taperoá-PB - TB.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Taperoá-PB - TB.

Olhei para o alto, a lua enchia em quase toda sua plenitude. As nuvens polvilharam o céu compondo um cenário mágico ao brincar com aquela luminosidade, pareciam tufos de algodão, lembrança no firmamento de um apogeu econômico desta terra. Espiando a calçada, vi os frontões de velhos casarões, alguns centenários, testemunhas do tempo e da história. Segui com o olhar até o fim da rua onde de dia é possível ver a indomável Serra do Pico, gigante rochoso sagrado que beija o céu daqueles Cariris Velhos, desafiando a lógica do tempo. Escondida na escuridão noturna, só se era possível sentir sua presença na paisagem.


Jornal A União de 17/Maio/25.
Jornal A União de 17/Maio/25.

Virei-me, encarei a iluminada Matriz de Nossa Senhora da Conceição dominando o outeiro, me benzi. Vendo aquele templo erigido na década de 1980, um verdadeiro teatro a céu aberto de culto a arte, beleza, cultura e fé; lembrei de São Sebastião que também foi escolhido pelo povo para abençoar a cidade, afastando-a da peste, da fome, da guerra, do infortúnio e, como bem afirmou o Padre Fabrício, houve a identificação com o homem do campo, da zona rural, fortalecendo esse vínculo. Com respeito e carinho pensei: Antiga Vila de Batalhão, Taperoá, aqui estou novamente. Padroeiros, minha benção; Frei Damião, um guia por seus caminhos.


Auditório da Biblioteca Ariano Suassuna - TB
Auditório da Biblioteca Ariano Suassuna - TB

Em uma das portas em madeira maciça, entro na Biblioteca e sou recebido por seu diretor, o querido amigo Valtécio Rufino que tanto bem tem feito não só aquela casa de leitura, como a cultura de toda a cidade. Funcionando no sobrado em que foi a prisão do personagem Quaderna na obra ‘O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta’ de Ariano Suassuna, hoje a antiga construção aprisiona estantes em que os livros emanam conhecimento e torna o povo livre. Sua criação remonta a longínqua quadra cronológica de 1941, época em que aquele calçamento em pedra não existia, era possível sentir a terra pedregosa e fofa por debaixo dos pés, nas proximidades do rio Taperoá. Converso com o amigo e Presidente do Borborema Cangaço Julierme do Nascimento. Bismarck Martins, Dário Machado, João Sousa, Pastor Pedrinho, José Tavares, Célia Maria e outros confrades se faziam presentes. O Prefeito George Ciro, Vereadores, Professores, ativistas culturais e pessoas interessadas preencheram os espaços daquele aconchegante lugar para ouvirmos o palestrante da noite, o amigo e confrade Marco di Aurélio.


Algumas imagens do IV Borborema Cangaço Taperoá-PB


Tomei assento, ouvi os pronunciamentos ao mesmo tempo que buscava enxergar conhecidos. Ocupei a última fila, a visão era privilegiada. Lá fora, a cidade se movimentava. Jovens ocupavam bares e lanchonetes em uma pura celebração da existência. Na biblioteca fazíamos o mesmo e vem Marco falar-nos da construção do humano, do que entende como o desenvolver dos povos de toda essa região semiárida. Fiz algumas reflexões, agradeci a Deus a oportunidade de novamente sentir o âmago do Mundo-Sertão, cartografia sentimental e prática que determina ações, relações e atuações do povo com a mãe terra. Recordei mais uma vez o amigo taperoaense Balduíno e o grande projeto de sua vida: a Universidade Leiga do Trabalho, um grito ao povo, um clamor às autoridades, uma formação para que as pessoas aprendessem na polivalência a viver em harmonia com autonomia sem precisar emigrar.


Final do primeiro dia de evento. Retrato na calçada da Biblioteca Ariano Suassuna.
Final do primeiro dia de evento. Retrato na calçada da Biblioteca Ariano Suassuna.

O Borborema Cangaço proporciona isso: cultura, memória e história possibilitando elucubrações. No fim da noite, antes do jantar, ouvimos a poesia de improviso de Humberto Guedes saudando os visitantes em verso. Taperoá é bela em todo o seu tracejado, muito bom estar ali novamente, momento de profundo aprendizado.


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A UNIÃO em 17 de maio de 2025.

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Conheça um pouco de como foram os eventos anteriores:

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3 Comments


The Mcx
The Mcx
May 29

Texto com verve é bom de escrever, é bom de ler. O Borborema Cansaço não poderia ficar muito tempo sem seu porta-voz. 👏👏👏

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Valquíria Becker
Valquíria Becker
May 23

Texto inspirador, do amigo Thomas!!

Encontro espetacular!!

Parabéns a todos os participantes!!!

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Thomas Bruno Oliveira
Thomas Bruno Oliveira
May 23
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Ter uma leitora de seu quilate é uma honra. Obrigado pela leitura, grande abraço!


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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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