Um mês se passou daquele dia. Uma sexta-feira, 26 do mês passado, e eu lá estava no meu Mundo-Sertão, no coração dos Cariris Velhos. Tantas vezes ali estive, mas nesse dia foi por um motivo sublime, fui receber o título de cidadão serrabranquense na Câmara Municipal de Serra Branca – Casa de Leidson da Silva. A Rainha do Cariri estava completando sessenta anos de emancipação política e não só isso, comemorava alguns avanços como a construção da Escola Estadual Cidadã Integral Técnica, o acolhimento da sede do Detran (que estava em São João do Cariri) e também a recente existência do Instituto Histórico e Geográfico de Serra Branca. A sessão especial da Câmara comemorava o aniversário da cidade e, solenemente, recebia novos filhos.
Dias antes, recebia do amigo Prof. José Pequeno (Zezito) a notícia de que no dia oito de abril meu nome tinha sido apresentado à Câmara pelo Vereador Renan Mamede e que tinha sido aprovado por unanimidade como mais novo filho de Serra Branca. Questionei-me, cá com meus botões: que fiz para merecer tamanha honraria? E trilhei pelos caminhos da memória, buscando o cerne de meu encantamento por este lindo torrão.
Minha história com Serra Branca teve início em 2005, quando atendi ao convite do amigo dos bancos universitários Sérvio Túlio Lima. Fui conhecer a cidade e o tão afamado e histórico Cariri paraibano. A cada passo que eu dava, me encantava com a paisagística, com os lugarejos, com as pessoas. Numa segunda vez, Sérvio me convidou para ministrar uma palestra no projeto ‘Escola de Fábrica’ (em que era professor) e também participar de uma aula de campo no sítio arqueológico Tamboril, nas fraudas da Serra do Jatobá, a majestosa Serra Branca. Fiquei hospedado na casa do pai de Sérvio, o Paulo Careca, maior lenda do futebol da cidade. Conversando com Paulo, entendi a riqueza futebolística do Cariri em formar jogadores principalmente para Treze e Campinense em décadas passadas. No outro dia, manhã de sábado, fui à feira e me encantei com aquele “sagrado museu de tudo”, como diria Hidelberto Barbosa. Estava nos primeiros períodos da faculdade e aquelas experiências foram marcantes para o aguçar de minha sensibilidade para o trato com as histórias dos lugares. Escrevia a época para o Diário da Borborema e fiz o texto “Uma viagem a Serra Branca” que foi lido na antiga Rádio Borborema e um exemplar do impresso foi afixado no restaurante Copo Fino, referência da gastronomia do lugar.
Daí foram muitas viagens, expedições para encontrar testemunhos de nossos ancestrais e a visita aos amigos. Conheci o Prof. Juca, meu colega de especialização em História do Brasil e da Paraíba; depois me tornei amigo do Prof. Zezito, isso já no Mestrado. Mediante as pesquisas, escritos e a relação com a cidade, amadurecemos uma conversa que visava a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Serra Branca, ideia que nasceu em um evento organizado em Campina Grande por seu Instituto Histórico. Nele, Zezito e eu conversamos com Berilo Borba, ícone da intelectualidade de Serra Branca que chegou a ser reitor da UFPB quando esta ia de Cabedelo a Cajazeiras. Hoje o IHGSB é realidade e tem fomentado a história, a memória e a cultura de seu povo com afinco, organizando eventos e documentação histórica.
Acompanhado de familiares e amigos, estive na sessão solene. Em um misto de ansiedade e emoção, cumpri todo o ritual e no discurso declamei meu amor pela cidade. Ser adotado como filho é algo grandioso. Não me sinto merecedor, contudo eternamente agradecido aos vereadores, ao Prefeito Souzinha, aos confrades e confreiras do IHGSB e a população da cidade que tão bem me acolheu. Seu hino diz: “Serra Branca teus filhos te amam” e como mais novo filho caririzeiro, declaro também o meu amor por ti.
Comentários