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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Só não se esqueça de mim!

O poetinha Z'Édmilson na loja da CEPE na Fenelivro 19

NOS CONHECEMOS HÁ PELO MENOS duas décadas e fomos apresentados por uma pessoa que jamais queria fazê-lo, pois sabia da potencialidade de cada um e sua índole vil e ambiciosa temia que daquele encontro saísse uma “dupla dinâmica” de bons amigos e disposta a compor projetos. Parecia estar escrito nas estrelas, eu jamais deveria estar passando naquele momento pelo café de Dona Bernadete, no antigo, querido e inesquecível CEDUC (Centro de Educação da UEPB), mas por uma necessidade familiar, precisei sair mais cedo e o encontro se deu pelos vários amigos que estavam presentes.


Nós, confabulando no Ferro d'Engomar

“Trocamos figurinhas” de imediato, saquei da bolsa alguns retratos antigos de Campina Grande e logo marcamos de nos encontrarmos no dia seguinte. Ele educado, um tanto sério, cordato, homem maduro. Eu, mal tinha completado os dezenove anos e minha gana de conhecimento já era conhecida por alguns professores e colegas de curso. No dia seguinte, ele já me convidou para reativar um projeto antigo que estava dormente em suas gavetas, aceitei de pronto e esse foi o primeiro trabalho que desenvolvemos juntos. Quando notei seu número em meu celular, pus Prof. Edmilson e assim conservo até hoje, relembrando tantas emoções e passagens já vividas. Daquela reunião no Chopp do Alemão nasceram muitas outras, outros tantos projetos, uma série de sonhos que seria preciso pelo menos algumas vidas a mais para realizar tudo o que desejamos.


Com os amigos Juca Pontes (in memoriam) e Josemir Camilo abraçando Augusto dos Anjos na APL

Eu e ele lançando nossos livros na Flic em 2019 junto aos amigos e confrade da ALCG Josemir Camilo, Thélio Farias, Daniel Duarte e Bruno Gaudêncio

Z’Édmilson, como o chamo carinhosamente, é filho do colchoeiro, padeiro e negociante Severino Pereira Rodrigues e da Senhora Josefa Pereira Rodrigues, nasceu pelas mãos da parteira Ilda Gouveia (que “pegava” boa parte das crianças do bairro) e viveu intensamente na antiga Rodagem, ponto final de Campina Grande, onde hoje é a Rua Arrojado Lisboa, próximo da Volta de Zé leal, Ali seu pai foi sócio de padaria, colchoaria com feitio de colchão de palha, algodão, de molas e consertos, e em suas reminiscências narra com detalhes histórias de cabarés, principalmente daquele setor, de parteiras, dos matutos que vinham do interior se deslumbrando com o que tinha na cidade, das pousadas e de uma bateria de banheiros de “Seu Celestino” do lado de sua Bodega, na mesma Rua, do intenso comércio e da vida citadina naquela porção oeste da cidade.


Encontro com o querido amigo poeta Hildeberto Barbosa Filho

A primeira vez que fui à sua casa, segui para o escritório e logo ele entra em seguida e diz: “Tu foste professor de minha filha mais nova! Já pensou? Ela te reconheceu”, vejam só que coincidência, lembrança de quando fui professor do cursinho PreVest da UEPB. Nas estantes e armários conheci seu acervo, muitos de seus escritos, poesias inéditas já editadas para publicação com uma bela fortuna crítica de escritores do sul do país. Para mim, inicialmente José Edmilson Rodrigues foi uma incógnita, questionava “com os meus botões”, como diria Montesquieu, ele parecia ter dado um tempo ao tempo. Uma vida literária ativa até a década de 1990, mas que havia um hiato. Nunca soube ao certo o que realmente ocorreu, o que via era um gigante adormecido. Até eu entender que nunca foi afeito aos holofotes, tímido, sempre agiu nos bastidores. De nossa amizade cada vez mais segura, o incentivava e nos últimos anos vários foram os livros publicados. Aprendo muito com sua experiência, com sua trajetória, conduta ilibada reconhecida em toda a nossa cidade. Não sabemos se somos amigos, irmãos, pai e filho, filho e pai, conselheiros! Tudo o que uma boa amizade pode dispor. É como diz o nosso confrade da Academia de Letras de Campina Grande Jessier Quirino: “nós penteamos o cabelo para o mesmo lado” (mesmo que esses fios sejam raros em minha cabeça hoje, mas tiveram seus tempos de ventura).


Comecinho de 2020 lançamos nossos livros na Libraria do Luiz. No instante, ao lado do amigo poeta Políbio Alves

Hoje resolvi escrever sobre ele. Tentei algumas vezes tempos atrás e a emoção não me deixou ir além. Hoje não resisti porque em nossa última ligação, ele repetiu ­– mais uma vez – “caramba, esqueci”, daí respondi: “Só não esqueça de mim poetinha!” e essa frase virou o mote. O velho e querido amigo em comum Luiz Augusto Paiva da Mata costuma dizer: “Cuidado para o alemão não te pegar”, se referindo ao Alzheimer. Não é o caso, mas nesse último ano, o poetinha me liga e algumas das frases são: “Rapaz, queria te dizer uma coisa e não lembro...”; “Rapaz, e não é que esqueci”; e a pior: “Daqui a um minutinho te ligo”, e esse minutinho pode ser um dia inteiro.


Ao lado dos Professores José Octávio e José Pequeno (Serra Branca) na CEJUS

Ah Z’Édmilson, que esse mundo tivesse mais da sua poesia, da sua lhaneza, do fino trato e da resenha que só você sabe fazer. Aqui deixo um beijo na testa e digo-lhe: Só não esqueça de mim viu poetinha? Que Deus o abençoe e dê vida longa e plena, você merece todas as homenagens. Abraço amigo velho.

Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A União em 13 de janeiro de 2023.

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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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