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TURISMO & HISTÓRIA

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Rainha, 159 anos


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NA ÚLTIMA QUARTA-FEIRA, 11 de outubro, Campina Grande comemorou mais uma primavera. Empório comercial do interior do Nordeste, importante cidade da Parahyba, sua trajetória histórica caminha ao sabor da dinâmica do seu povo e, sobretudo, dos acertos e erros das decisões governamentais em todas as esferas. Com necessidades sempre presentes, atendendo em tudo a quase todo mundo que chega, possui uma condição geográfica de cruzamento de caminhos, de entreposto entre estradas, de rota comercial de destaque. Com isso, tratou de se vestir de vitrines, de enfeites simbólicos que atraiam cada vez mais a sua condição de polo regional. Cinema (Capitólio, o maior do estado com mais de mil lugares em 1934), Grande Hotel, realinhamento de ruas e nova arquitetura (Art Déco) fizeram parte desse processo de atração regional.


Encravada na mesorregião agreste da Parahyba, no alto do Planalto da Borborema, possui altitude média de 550m. Limita-se com Pocinhos, Puxinanã, Lagoa Seca e Massaranduba ao norte; Ingá à leste; Fagundes, Queimadas e Caturité ao sul e Boa Vista à oeste. Com uma população superior a 400 mil habitantes, tem clima equatorial (árido e semi-árido) com máximas de 30ºC e mínimas de 16ºC. Seu inverno inicia-se em maio e termina em agosto. Na altitude da Borborema, se notabilizou por dias quentes e noites frias, onde o vento corre o tempo todo, bastando uma sombra para o deleite de uma sensação agradável. Daí que se faz necessário um projeto mais abrangente de arborização.


Em meados do século XVII, os Oliveira Ledo fizeram incursões no território onde hoje se encontra a Parahyba, vindos do vale do São Francisco, aqui eles se estabeleceram. Antônio de Oliveira Ledo funda a aldeia de Boqueirão, sob a catequese dos Capuchinhos, e atrai o seu sobrinho Theodósio, que já subira o rio Taperoá, passado pelo vale da Farinha e chegado até Piranhas (Pombal). As terras entre a vila de Fagundes (na Serra de Bodopitá) e Bruxaxá (Areia) eram desconhecidas. Segundo Epaminondas Câmara, Theodósio (ao voltar das Piranhas trazendo índios Ariús, rumo à capital) é quem primeiro avança ao norte, para além de Bodopitá, a partir de onde se descortina uma grande planície que se estende até a serra do Bruxaxá, é nesta ‘campina grande’ que ele aldeia os índios, às margens do riacho das piabas (o atual canal do prado, que serpenteia Campina de nordeste à sudeste cortando o Açude Velho) junto a uma aldeia de índios Cariri, nas proximidades do que hoje são as Ruas Barão do Abiaí e Maciel Pinheiro. A primeira igreja fora construída onde hoje se encontra a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de frente exatamente para esta aldeia de índios e de costas para primeiro conjunto de casas, edificado no sítio das Barrocas (atual rua Vila Nova da Rainha).


Em 1790, Campina (e não São João do Cariri) foi escolhida para se tornar vila, a Vila Nova da Rainha, em homenagem a Maria I. O nome ficou praticamente confinado aos documentos oficiais, pois o povo nunca abandonou o topônimo Campina Grande. Vila com câmara, cartório e pelourinho, chega a ser elevada à cidade em 11 de outubro de 1864 através da Lei Provincial nº127, contando com duas igrejas católicas: a Matriz e a do Rosário, esta última demolida na gestão do prefeito Vergniaud Borborema Wanderley enquanto uma nova era construída no bairro da Prata; dois açudes públicos: o Velho e o Novo; duas casas de mercado, uma cadeia, um cemitério, a casa da Câmara, três largos, quatro ruas, oito becos e aproximadamente trezentas casas, segundo dados de Epaminondas Câmara.


Completando 159 anos de emancipação política e pelo menos 326 anos da chegada do Theodósio de Oliveira Ledo com os Ariú, a cidade possui aproximadamente 130 mil residências, contando com a expansão ao sul com o conjunto Aluízio Campos e o Portal Sudoeste, verdadeiras cidades dentro de Campina.


Segunda cidade mais populosa do Estado (já foi a primeira até a década de 1960!) e um polo regional em comércio, tecnologia e educação além de suas destacadas feiras. Campina Grande é conhecida mundialmente pelo seu turismo de eventos, o festejo junino é o carro-chefe.


Campina de Treze e Campinense, das Universidades, do Parque do Povo e do Açude Novo; Campina dos bares, dos amores, da Feira Central; Campina tech city, do Art Déco, da FIEP e ACCG, do Algodão que agora é colorido; Campina das artes e da literatura, do Teatro Municipal, da Rodagem, da Feira da Prata, do Açude de Bodocongó e do Açude Velho com seus monumentos, dos Cuités ao Velame, de Santa Terezinha ao Serrotão, das indústrias, do Calçadão, das Praças da Bandeira, Clementino Procópio e Morgação; Campina que destrói a cada dia seu patrimônio histórico e cria outros; Campina de leais forasteiros, de uma população altaneira, trabalhadora e sonhadora, Campina dos escravizados em cujas mãos foram forjadas suas riquezas; Campina de índios dizimados, de políticos fortes; Campina das várias nuances, Campina bela, mãe e também madrasta. Campina ingrata e também injustiçada. Parabéns Campina, que possas tratar seus filhos que tanto te amam sempre melhor. Viva a Rainha da Borborema!


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A União em 14 de outubro de 2023.

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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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