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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Saudades de Agenor Jr


Na Fazenda Juazeiro, do velho Assis, onde houve um grande encontro de amigos, destacando a presença de João da Banca. Aqui: Agenor, eu e Júnior.

NOS CONHECEMOS EM UMA VISITA que fiz ao seu Pai Agenor quando ele e eu estudávamos o curso de especialização em História da Parahyba e do Brasil na extensão das Faculdades Integradas de Patos - FIP em Campina Grande. De tanto ele falar em mim, aguçou a curiosidade da família e fui convidado a conhecer você e seus irmãos. De um certo ciúme, foi amor à primeira vista, uma parceria que nasceu em sentimento e se fortaleceu a cada encontro, em cada momento. Lembro de algo que ocorreu com outros amigos, a sua mãe, Dona Corrinha, quando me viu perguntou se eu era mesmo o Thomas que Agenor tanto falava, "isso é um menino, achava que tinha uns 50 anos..."


Tive uma experiência incrível com você “caboco véi” como diz o matuto, pessoa de uma personalidade extremamente forte, destemido em seus sentimentos, disposto em suas vontades, tão parecido com seu pai, meu querido amigo Agenor, e forjado nas dificuldades e superações da vida. Amante do Treze e Corinthians, sem esquecer o Nacional de Patos, onde morou com a família na infância; apaixonado pela vida, pelas coisas desse mundo e tantas foram as passagens que tivemos juntos, da vida boêmia ao seio familiar, de nossas conversas e de uma tarde épica que vivemos e me marcou: você, sua irmã Najara e eu, na varanda do sítio Colosso, ouvindo a “sofrência” que já estourava no rádio, lembrávamos de antigos amores e “roemos” glamourosamente por pecados existentes em nossas mentes, brindando doses e mais doses de rum. Ali selamos ainda mais uma amizade forte e verdadeira, cheia de sortilégios, como eu brincava, repleta de ternura e hombridade.


Agenor Jr e Agenor Pai em evento.

Nosso último encontro, na varanda do Colosso, me apresentaste sua mais nova filha, acompanhada da irmãzinha e da carinhosa mãe. Você em serviço, com a farda da mortuária Maranata, camisa social branca com botões duplos, e eu brincava com a dificuldade em se vestir e se despir. “Thomas, tu é demais, sempre na resenha”. Observou eu tomando umas doses com seu Pai e lembrando da última vez que bebericou. “Agora sou homem sério!” (risos) e, realmente, você já era as mãos e os pés de seus pais Agenor e Dona Corrinha no empreendimento familiar, a mortuária e plano pós vida Maranata, na sua Juazeirinho, ao mesmo tempo que cursava direito. Quantas foram as brincadeiras e a curtição em carreatas políticas em Juá, presença em bares, celebração em festas com eleitores e o vira-vira de votos.


Agenor Jr e seus irmãos: Naara, Najara e Neto.

Na última semana, depois de alguns dias recluso em um hospital, Deus te chamou para uma missão. Mas o que houve? Não houve nada! Sua presença foi cobrada nas trincheiras do céu e Ele recorre aos escolhidos. Partistes para o outro lado muito cedo sem combinar conosco, mas fostes chamado. Sensibilizado, arrasado e destroçado ficamos com a sua ausência que não vai deixar de doer jamais. Sei demais do quanto você é querido em toda a cartografia urbana e rural de Juazeirinho, mas, especialmente, em seu seio familiar. Lembrar de suas lindas filhinhas, de Átina em um relacionamento anterior e das duas lindas “formiguinhas” com a nova esposa, dói pensar que elas cumprirão seus crescimentos sem a tua presença, sem teus ensinamentos e conselhos, mas saberão sim do seu legado. “Desça daí para não cair!”, quando as duas princesinhas estavam subindo no pé de seriguela do Colosso. “Oxe Papai, a gente não cai não”, dizia uma delas, momento que abracei e dei um cheiro na cucuruta. Seu irmão Neto e suas irmãs Naara e Najara são testemunhas da saudade que deixas. Juazeirinho lhe rendeu as devidas homenagens, retribuindo o cuidado e respeito que você teve com toda a sociedade em sua dedicação ao trabalho.


Com seus pais Dona Corrinha e Agenor

Eu não soube lidar com sua partida, tive uma crise nervosa, fiquei aos prantos e tentei me recompor, não consegui. Esses tempos estão sendo muito fortes, me fragilizaram muito. Perdi para a pandemia muitos amigos, um tio e tia e, emocionalmente abalado, não consegui cumprir as homenagens nem adentrar aos velórios. Certa noite, tomado pela covid, chorei até dormir achando que morreria em minutos. Chorei novamente quando acordei e vi a luz do dia.


Tentei, mas não consegui ver as duas pessoas que mais te amaram nessa vida. Não tive como encarar Agenor nem Dona Corrinha nessa semana, como fiquei tocado e doído com tudo isso, como me cobrei e o quanto me senti fraco e arrasado com tudo. Ah meu amigo, que dor é essa? Agenor me disse que: “Não é fácil meu amigo, mas aqui temos que tomar uma direção, a vida continua, mesmo que a gente fique em uma fragilidade fora do normal, numa perda irreparável, em todos os sentidos, mas Deus é maior e vamos seguir até quando ele permitir a gente por aqui”. Uma grandeza enorme, ilustre e comovente. Chorei copiosamente ouvindo essas palavras, misturando a saudade, sentimentos vários e uma dor da partida.


Precisamos seguir, tomar um norte, mas nunca esqueceremos de sua força, garra, dedicação à família e ao trabalho. Consternados com sua partida e sabendo que com ela morremos um pouco, que Deus te dê o céu meu amigo, eternas saudades e a nossa homenagem tão merecida e igualmente sofrida.


Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' do Jornal A União em 01 de abril de 2023.




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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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