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TURISMO & HISTÓRIA

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Conhecendo a Paraíba: Umbuzeiro

Atualizado: 24 de abr. de 2021

Escola Cel. Antônio Pessoa e Matriz de Nossa Senhora do Livramento

Na alvorada do século XVIII, havia uma intensa movimentação de curraleiros em busca de terras no interior da Capitania da Parahyba para a criação de gado e também para o fomento de missões religiosas cuja catequização era só uma das violências simbólicas impostas aos nossos ancestrais nativos. Em 8 de outubro de 1713, Marcos, Estevão, João Tavares e Antônio (de Castro Rocha), foram os primeiros a requerer terras no sul da capitania, região montanhosa marcada pela presença do Rio Parahyba, e se estabeleceram numa região entre o Parahyba e o rio Capibaribe, tendo como vizinhos ao norte os ‘Oliveiras’ (Ledo). Com a prerrogativa de ter grande criação de gado vacum (bovino) e cavalar (equino) com quase duas mil cabeças e não possuir terras, cada um deles recebe 3 léguas de comprimento e uma de largo do ‘El Rei’, o que constitui os primeiros colonizadores ocupantes das terras que futuramente serão conhecidas por Umbuzeiro.


E é na frondosa e aprazível sombra de Umbuzeiros que tropeiros e viajantes descansavam após vencer longa marcha pelas escarpas das serras dos Cariris Velhos a caminho da capitania de Pernambuco, sobretudo sua capital. O pouso do Umbuzeiro se tornou conhecido e foi paulatinamente se desenvolvendo. Ao longo dos anos, já por volta de 1830 foram edificadas as primeiras casas em alvenaria, radicando-se José da Silva Pessoa, Cel. Assunção Calafange, Gervásio Travassos Sarinho e o Cel. Calafange Santiago, dentre outros que originaram e constituem os troncos familiares existentes atualmente.


Curvas fechadas marcam a descida para o Vale do Rio Parahyba

Já pertenceu à Vila Real de São J. do Cariri, à Vila de Cabaceiras e por último à Vila de Ingá de onde se desmembrou em 1890 com grande festa inspirada pelo espírito republicano. O momento foi retratado com detalhes nas páginas do jornal Gazeta do Sertão. Umbuzeiro esteve em festa com suas ruas embandeiradas e “symetricamente arborizadas” por onde passavam cidadãos de diversos pontos do município que prestigiaram o ato de posse dos membros da nova intendência. Às sete da noite, logo após os calorosos discursos, uma passeata se formou e uma verdadeira esteira de lanternas afrontou a escuridão, tendo à frente “uma regular orchestra de violinos, flauta e violões”.


Distante 75km de Campina Grande, seu acesso se dá pela BR 104(sul) passando por Queimadas e rumando a esquerda na PB 102. Após a entrada de Aroeiras, mergulhamos do alto do Planalto da Borborema em um vale escarpado, de curvas fechadas que nos faz reduzir a velocidade e respirar fundo; vamos descendo e contemplando aquele majestoso relevo até beijarmos o leito do Rio Parahyba há apenas 150m de altitude. Numa das mais belas curvas do rio Parahyba, a Serra do Urubu parece se projetar acompanhando o trecho das águas. Dali iniciamos outra subida, já em território de Umbuzeiro, as serras que compõem a cordilheira dos Cariris Velhos vão sendo vencidas, até que avistamos a cidade e nos encantamos de imediato com sua paisagem. Ocupando o cume das serras, suas ruas se dispõem no comprido como um grande mirante. Imponente, a Matriz em devoção a N. Sra. do Livramento pontua o horizonte, subimos pela rua Epitácio Pessoa, passamos pela Praça João Pessoa e o casario já nos impressiona com sua singeleza de traços neoclássicos e ecléticos com suas cores remontando fins do séc. XIX e as primeiras décadas do séc. XX.


Ponte sob o Rio Parahyba

A cidade fala aos seus habitantes e aos seus visitantes através dos nomes próprios que ela abriga: do nome das ruas, de edifícios, de monumentos, (como diria o escritor José D’Assunção Barros) e em Umbuzeiro este nome próprio é o sobrenome Pessoa, elemento singular na paisagem da cidade; para onde se olha, há um integrante dessa genealogia de tradição política homenageado em ruas, bustos, escolas, praças, fórum, etc. Filhos ilustres como Epitácio Pessoa, único paraibano a ser Presidente da República; João Pessoa, tido como “herói e mártir” da Revolução de 1930 e Assis Chateaubriand um pioneiro nas comunicações, criador de um império chamado Diários Associados formam, como diz o hino municipal, o “trio ideal, seus nomes são a glória de Umbuzeiro, sua terra natal”.


Com um belo patrimônio histórico já pesquisado por Iphaep e Iphan, destaque nacional pela excelência na genética do gado gir leiteiro (na estação experimental João Pessoa) a maior Jurema Branca do mundo e uma das mais animadas e importantes feiras da região (aos sábados), a ‘terra dos Pessoa’ está de braços abertos para os visitantes e hoje, 02 de maio de 2020, é dia de celebrar seu aniversário de 130 anos, parabéns Umbuzeiro, paz e um futuro cada vez mais justo para seu povo.


Leia, curta e compartilhe com quem você mais gosta!


Publicado na coluna 'Crônica em destaque' no Jornal A União de 02 de maio de 2020.



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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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