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TURISMO & HISTÓRIA

Notas para um jornalismo literário e histórico

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  • Foto do escritorThomas Bruno Oliveira

Ah, Santa Teresa...


Castelo Valentim em Santa Teresa - Ri ode Janeiro

SANTA TERESA SE ERGUE na área central do Rio de Janeiro forjando sua história entre a mata e as construções que ao longo dos tempos foram seguindo morro acima. Tradicionalmente conhecido como de classe média e alta pela preferência de muitos intelectuais, artistas, acadêmicos que foram atraídos pelas características históricas e culturais do lugar, é quase uma Montmartre carioca, fazendo referência ao bairro boêmio parisiense. Assim o fez Gasparino Damata quando afirmou ter a Lapa o sabor de um Montmartre caboclo: “mistura de Paris requintada e Bahia afro-luso-brasileira”. O bonde graciosamente entrou em cena em meados do século XIX, ajudando seus habitantes a subir e descer, sob os trilhos garbosos e sua sineta insistente, tornando símbolo do bairro. Lugar que possui um castelo, D’o Valentim que é uma construção curiosa. Em estilo eclético, sempre é visto fechado. Muito bem preservado pelos herdeiros, mas inacessível. Um de seus zeladores chega até os portais para despejar o lixo, mas as informações que dá são mínimas. O site ‘emsantateresa’ dá conta que existem oito apartamentos. Suas torres e sacadas aguçam a curiosidade dos visitantes do bairro. Foi erguido em 1879, moradia do comendador Antônio Valentim. Em sua frente, há uma padaria antiga, o Empório Deli Pane em que podemos tomar um cafezinho, suco, cerveja ou até almoçar, uma curva onde o bonde contorna a frente do castelo, lugar incrível para apreciar bonde, castelo e divagar. Uma janela para o passado.


Ao centro a Central do Brasil com as forças armadas do lado. Ao fundo a ponte Rio-Niterói

Dali seguimos para alguns mirantes, o primeiro: o dos Prazeres que dá uma visão privilegiada para o morro de mesmo nome, além de uma visão privilegiada da zona portuária, ponte Rio-Niterói. Prédios da Central do Brasil e das forças armadas surgem como imponentes e intrigantes construções. É quando nosso guia informa que o relógio da Central, da época do Presidente Getúlio Vargas, tem manutenção de uma única família. Por ali passou o elenco do famoso filme ‘Velozes e Furiosos’, eternizando no cinema aquela paisagem. Outro mirante muito interessante, talvez o mais charmoso do bairro é o Mirante do Rato Molhado, com uma bela balaustrada, estacionamento e bancos. Nos contou os guias Rodrigo (@riotourcarioca) e Patrick que a curiosa denominação se deve ao formato do bloco rochoso em que ele está assentado. No passado, nas fraudas do morro dos Prazeres, se via ao longe uma rocha semelhante a um rato por onde desciam águas pluviais. De fato, a bela vista proporcionada por aquele vale é apaixonante. Esse é um dos pontos muito pouco visitados por quem vai a Santa Teresa exatamente pelo desconhecimento do lugar, o que dá um charme todo especial ao passeio. Só um guia experimentado para decifrar e proporcionar a visita a esse e outros tesouros escondidos da Capital Carioca e estávamos muito bem acompanhados.


Mirante do Rato Molhado - MissCheck-in
Meus pais Paulo Roberto e Diana no Mirante do Rato Molhado

Mais algumas voltas e a saudação sempre simpática dos passageiros do bonde, chegamos ao alto de um dos cinco pontos mais visitados do Rio de Janeiro atualmente, a Escadaria Selarón, que na verdade é a Escadaria do Convento de Santa Teresa (ordem religiosa que dá nome ao bairro), na Rua Manuel Carneiro, iniciando na ladeira de Santa Teresa escorrendo para o bairro da Lapa. Esse pitoresco lugar, foi agraciado através das mãos e esforços do grande artista chileno JORGE SELARÓN, que em meados de 1990 começou individualmente e artisticamente a renovar alguns degraus da escada que se encontravam em péssimas condições. Ele, após viajar e a trabalhar em mais de cinquenta países, radicou-se no Rio e não se conformou com o estado daqueles degraus, reunindo azulejos na cidade em vários canteiros, até começar a receber presentes de vários lugares do mundo. Na escadaria, há duzentos e quinze degraus medindo 125 metros de comprimento, todos cobertos por mais de dois mil azulejos, muitos curiosíssimos, quer seja da comunidade judaica ou mesmo das inscrições rupestres de São Raimundo Nonato no Piauí. O mundo musical e cultural parece mesmo estar ali. A escadaria é polo e encontro de artistas, músicos, gente que respira cultura, uma explosão multicor de sentimentos, uma homenagem ao povo brasileiro, como bem disse o artista Selarón.


Uma porção da Escadaria Selarón
Uma das paredes da Escadaria Selarón

No sopé da escadaria damos de encontro com um reduto gastronômico importantíssimo do Rio, iniciado pela Rua Joaquim Silva. São Inúmeros bares e restaurantes que concentram uma complexidade culinária que contempla os mais variados gostos e regiões do país, além de pequenos hotéis que atendem a quem adora aquela área central. São ruas amenas, bem arborizadas, com ocupação moderna lembrando antigos usos. Encontro de artistas, boêmios, intelectuais e turistas que dão um ritmo intenso ao lugar. Outro grande reduto de Santa Teresa é o Largo dos Guimarães – e eu pensando no “mal afamado” Beco dos Carmelitas de Manuel Bandeira.


A base da Escadaria e a Rua Joaquim Silva - GoogleMaps

Santa Teresa é um lugar que não se pode deixar de visitar no Rio de Janeiro. Bairro sem igual e que contempla e completa o sentido da Lapa, do Centro e da boemia carioca.


Veja também as crônicas 'Impressões da Cidade Maravilhosa no link , 'Lapa boêmia' no link

e 'Cristo Redentor' no link Leia, curta, comente e compartilhe com quem você mais gosta! Publicado na coluna 'Crônica em destaque' no Jornal A União em 12 de novembro de 2022.


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O começo

Durante anos temos viajado por diversos lugares para o desempenho de pesquisas e também para o deleite do turismo de aventura. Como um observador do cotidiano, das potencialidades dos lugares e das pessoas, tenho escrito muitas dessas experiências de centros urbanos como também de suas serras, montanhas e rios. Isso ocasionou a inspiração de algumas pessoas na ajuda em dicas de viagem.
Em 2005, iniciamos uma série de crônicas e artigos no Jornal Diário da Borborema, em Campina Grande-PB e após anos, assino coluna nos jornais A União e no Contraponto. Com o compartilhamento das crônicas, amigos me encorajaram e finalmente decidi entrar nas redes.
Aqui estão minhas opiniões, paixões, meus pensamentos e questionamentos sobre os lugares e cotidiano. Fundei o Turismo & História com a missão de ser uma janela onde seja possível tocar as pessoas e mostrar um mundo que quase não se vê, num jornalismo literário que fuja do habitual. Aceita o desafio? Vamos lá!

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